Por Rita Cunha
Ever Alive - Fadwa Tuqan
My beloved homeland
No matter how long the millstone
Of pain and agony churns you
In the wilderness of tyranny,
They will never be able
To pluck your eyes
Or kill your hopes and dreams
Or crucify your will to rise
Or steel the smiles of our children
Or destroy and burn,
Because out from our deep sorrows,
Out from the freshness of our spilled blood
Out from the quivering of life and death
Life will be reborn in you again
—
Fadwa Tuqan (1917-2003) foi uma poeta palestiniana cuja obra é profundamente marcada pelo exercício de resistência à ocupação da Palestina por Israel, denunciando a vido e o sofrimento do povo palestiniano.
https://www.palquest.org/en/biography/6580/fadwa-tuqan
Ana Rita de Almeida Lopes Martins da Cunha (ela/dela), nasceu a 06 de novembro de 1993, em Lisboa. Licenciou-se em Estudos Portugueses, major em Literaturas e Culturas e fez o mestrado em Edição de Texto pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FCSH-UNL), com uma dissertação sobre os prefácios das obras poéticas de Eugénio de Andrade.
Estuda Língua Gestual Portuguesa desde 2021 e cria conteúdos desde 2022 (sobre livros, acontecimentos atuais, fotografia, entre outros).
É uma eterna aprendiz.
https://www.instagram.com/photograph_and_read/
De Carolina Pereira
Neste momento, escolhermos o silêncio é internalizar (conscientemente) a desumanização das pessoas palestinas.
O racismo é mais do que atitudes discriminatórias individuais e ser-se anti-racista é mais do que advogar que deve existir mais representatividade de pessoas negras nos media.
O racismo é todas as desigualdades enraizadas em narrativas e estruturas de poder que beneficiam os mesmos de sempre, é um sistema de opressão, e ignorar este genocídio, bem como a forma como (não) tem sido retratado nos media, é um típico comportamento racista.
Primeiro, porque expõe o preconceito na forma como nós reagimos a eventos globais. Ninguém teve nenhuma hesitação em falar sobre o 11 de Setembro, ou sobre o “Je suis Charlie”, ou a invasão da Ucrânia - (e bem!). Mas, de repente, com a Palestina, existe muita hesitação e é demasiado complexo para sequer tentarmos entender. Existe uma crónica falta de perspectiva baseada na tendência ao eurocentrismo. De repente, não podemos fazer nada, não nos queremos “expor”, e não conseguimos perceber. Não é connosco.
Não é inocente que os telejornais continuem a falar do conflito Israel-Hamas e não Israel-Palestina, nem que os Estados Unidos financiem Israel e exerçam o seu direito de veto a favor de Israel no Conselho de Segurança da ONU. Não é inocente que países da UE continuem cúmplices e subscrevam resoluções sem exigir um cessar-fogo nem aplicar sanções a Israel, ou que insistam que Israel tem o “direito de se defender” mas não falem sobre como é que povo palestiniano tem o direito de se libertar e resistir.
Segundo, porque “o teu silêncio tem uma audiência.” - quem o disse foi Hasanain Jaffer, educador para a justiça social. Desafio-vos a, genuinamente, tirarem um minuto e pensarem: “quem é a audiência do meu silêncio?”. Quem é que estou / estamos a tentar “agradar” ou “não chocar” ao não falar sobre a Palestina? Ou simplesmente questionarem de onde é que vem um certo medo ou culpa por se quererem prenunciar em relação ao genocídio na Palestina. Os outros eventos, guerras, atrocidades, e atos terroristas a que fomos expostos também eram, seguramente, complexos. Mas nós falámos na mesma, sem sentir “medo”, porque - no fundo - ainda existem algumas coisas simples de entender: como o facto de Israel ser um Estado terrorista. Além de ignorar apelos de cessar-fogo, impedir a ajuda humanitária a um povo sem água, comida e medicamentos, destrói infraestruturas e casas, bombardeia escolas, hospitais e ambulâncias, invade o território e comete crimes de guerra contra vítimas inocentes. Neste caso, como em tantos outros, é simples entender quem é o opressor e o oprimido. Porquê o silêncio?
Por último, porque o nosso silêncio é exactamente a resposta que um poder colonial quer. E isso faz de quem escolhe o silêncio - consciente ou inconscientemente - complacente com o projecto colonial em curso.
Tendo em conta o sistema do qual fazemos parte, e por mais que isso nos deixe desconfortáveis, todos temos um bocadinho de racismo em nós - eu incluída. Temos de nos esforçar por ser melhores, por ter a coragem de aceitar esta realidade, e desconstruir esses nossos preconceitos - muitas vezes - inconscientes.
Neste momento, escolhermos o silêncio é internalizar (conscientemente) a desumanização das pessoas palestinas. Sermos silêncio é sermos parte da opressão. Especialmente porque todos e todas nós temos, na verdade, acesso ao que se está a passar. Temos listas de recursos educativos criados e distribuídos gratuitamente. Acima de tudo: temos as histórias da linha da frente. Jornalistas palestinos, médicos, e outros criadores de conteúdo continuam a arriscar a vida para nos informar.
O nosso silêncio significa cumplicidade com o assassinato de dois milhões de pessoas inocentes.
Temos de ser melhores. Temos de ser anti-racistas. Temos de falar mais, e mais alto, e repetir sem hesitação: Palestina Livre!
Carolina Pereira é ativista na área dos direitos humanos, fundadora da HUMAN e co-directora da Sathyam Project.
CORPOS NA TROUXA. Histórias-artísticas-de-vida de mulheres palestinianas no exílio. Tese de Doutoramento em Estudos Feministas, de Shahd Wadi, investigadora palestiniana.
Neste trabalho, defendo que os corpos reconfigurados nas artes das mulheres palestinianas no exílio são o lugar central de uma resistência feminista, política e palestiniana. A minha problematização parte das seguintes perguntas: será que as artistas palestinianas contemporâneas constituem uma voz artística que resiste, simultaneamente, à ocupação israelita e à sua narrativa hegemónica, e à narrativa patriarcal palestiniana? Até que ponto é que a criação das artistas palestinianas contemporâneas no exílio assente nos seus corpos, não é senão uma voz de um movimento de resistência feminista palestiniana informal?
“Palestina, histórias de um país ocupado”. Série documental de 6 episódios pela equipa da Fumaça: “um podcast de jornalismo de investigação, independente e sem fins lucrativos, focado no escrutínio de sistemas de opressão e desigualdades.”
“Palestina, histórias de um país ocupado” é a nossa primeira série documental. Em seis capítulos, contámos a história de uma ocupação através das vozes de quem lhe resiste.
Durante dez dias, em setembro de 2017, estivemos entre Ramallah, Belém, Hebron e Jerusalém para perceber como vive a Palestina ocupada.
Palestine Digital Action Toolkit. Uma compilação de recursos diversos sobre a Palestina e formas de ação de pró-Palestina.
As Palestinian feminists, we are steadfast in our condemnation of the genocide of our kin in Gaza. We call for an immediate ceasefire and an end to the siege in Gaza and to the occupation of all Palestinian lands. We demand that all Palestinian refugees, whetherin Gaza, the West Bank, or globally in exile,return to our homeland. We build upon the long tradition of anti-imperialist and anti-warfeminist movements that have mobilized to end colonial violence and demanded accountability from all perpetrators of war, violence, and oppression. We reject the instrumentalization of colonial feministrhetoric, which portrays Palestinian men as barbaric savages, women as helpless victims who need saving from their culture and religion, and children as “human shields” and “collateral damage.” We call upon all our communities and co-strugglers to take immediate action: to get informed, to spread awareness, to speak out and up, to organize, mobilize, and to commit to standing on the right side of history. This toolkit is an offering and invitation to all lovers of freedom to join or deepen your engagement in the struggle for Palestinian liberation at this critical moment.
Crowdfunding Poesia de Resistência Palestiniana Séc. XXI, Traça Editora.
Poesia de Resistência Palestiniana Séc. XXI é uma recolha de poesia de autores originários ou com origens Palestinianas, quer a residir no país quer na diáspora, que espelha a determinação de um povo ocupado durante 75 anos.
As traduções foram feitas por Margarida Vale de Gato, Ana Guimil, António Hess, Duvalll McGregor, Joana Craveiro e cobramor.
A revisão foi feita por Cláudia Faria.
A edição será da responsabilidade da Traça.
Todo o trabalho é voluntário e não será remunerado.Com esta obra pretende-se atingir dois objectivos:
- Angariar fundos em benefício da ONG EyeWitness Palestine (https://eyewitnesspalestine.org/) e da MECA (https://www.mecaforpeace.org)
- Manter viva a cultura de um povo a sofrer um genocídio e uma destruição cultural
A Livraria Flâneur está a doar os lucros da venda do livros Na Presença da Ausência, para o MECA – Middle East Children’s Alliance.
Esquivando-se ao espartilho da categorização, o presente livro não se deixa arrumar num lugar fixo. Nas palavras de Darwich, em entrevista concedida a Mohammad Shaheen, «[Na Presença da Ausência] não é poesia nem prosa. Não é autobiografia nem romance.» Transita entre géneros, mescla-os, manipula-os, e faz-se num edifício que desafia a própria noção de género, ancorado no desígnio primeiro de «celebração da estética da linguagem».